segunda-feira, 20 de maio de 2013

CARREGA PORTO: TIMELINE E TRICAMPEONATO

Paços de Ferreira-FC Porto, 0-2
Liga portuguesa, 30.ª jornada
19 de Maio de 2013
Estádio da Capital do Móvel, em Paços de Ferreira

Árbitro: Hugo Miguel (Lisboa)
Assistentes: Nuno Pereira e Hernâni Fernandes
Quarto árbitro: Jorge Ferreira

PAÇOS DE FERREIRA: Cássio; Tony, Ricardo, Tiago Valente e Diogo Figueiras; André Leão, Luiz Carlos e Vítor; Manuel José (cap.), Poulsen e Josué
Substituições: Poulsen por Cohene (24m), Manuel José por Christian (intervalo) e Vítor por Hurtado (74m)
Não utilizados: António Filipe, Caetano, Nuno Santos e Filipe Anunciação
Treinador: Paulo Fonseca

FC PORTO: Helton; Danilo, Otamendi, Mangala e Alex Sandro; Defour, João Moutinho e Lucho (cap.); James, Jackson Martínez e Varela
Substituições: Defour por Castro (78m), James por Kelvin (82m) e Varela por Liedson (89m)
Não utilizados: Fabiano, Izmaylov, Abdoulaye e Sebá
Treinador: Vítor Pereira

Ao intervalo: 0-1
Marcadores: Lucho (23m, pen.) e Jackson (52m)
Cartões amarelos: Danilo (17m e 56m) e André Leão (78m)
Cartões vermelhos: Ricardo (22m) e Danilo (56m, por acumulação de amarelos)


Segue-se hoje uma crónica do jogo bem diferente da habitual, em jeito de timeline. O jogo na Mata Real só faz sentido se for contado o que está para trás, o que nos levou até aqui, o que foi acontecendo até este dia 19 de Maio, onde todas as decisões se concentraram em Paços de Ferreira.
A eliminação da Champions às mãos do Málaga e os empates em Alvalade e na Madeira; trouxeram um grande desânimo a toda a nação portista e alteraram o rumo do campeonato até então. Ficaram bem à vista, nessa altura, as difíceis condições com que Vítor Pereira se foi deparando ao longo de toda a temporada, fruto de um plantel curto e limitado, que teria obrigatoriamente que ser esticado ao máximo até ao final do campeonato. Como água da chuva, as críticas começaram a cair. Sobre o treinador. Sobre os jogadores, sobre os dirigentes. O James não recupera da lesão. A saída do Hulk e a não contratação do Lima. 

Do outro lado da trincheira, pelo contrário, respirava-se confiança e saúde. Eles tinham as melhores opções, um banco de categoria, estavam em todas as frentes e jogavam o tal futebol-espectáculo. Nós tínhamos um ponta-de-lança e meio e eles tinham três ou quatro matadores. Nós, antes dos jogos frente ao Braga de José Peseiro, estávamos apreensivos, pouco confiantes, sem a chama que nos caracteriza. Mas, bem lá no fundo, com a crença ainda viva, embora escondida, prestes a soltar-se cá para fora à primeira oportunidade. É nesse jogo, em casa, que se ouve falar pela primeira vez de um rapaz chamado Kelvin, de cabelo estranho, ar de moleque e corpo franzino. Faz dois golos ao cair do pano e conquista três pontos para o Dragão. Mais não faz do que alimentar a crença, reacender a chama, pôr-nos a acreditar no impossível.
Logo de seguida, novo desânimo. O FC Porto perde a Final da Taça da Liga frente ao mesmo Braga. Do lado contrário, o cortejo continua triunfal. Estavam na Final da Liga Europa e na Final da Taça de Portugal. Iam ganhar o campeonato. Pouco importava que tivessem ganho aos leões com uma grande “capelada” à mistura. Aliás, eles não ganham. Eles atropelam os adversários. Eles trituram os oponentes.
Até que vão à Madeira e, após uma primeira parte atribulada, ganham o jogo com um golo na própria baliza já perto do final do jogo. Festejam como se já fossem campeões. Erro crasso, penso. Isto costuma dar azar, concluo. Mas se calhar sou eu que sou doente pelo Porto e ainda acredito no impossível.
Chega a nossa vez de ir jogar à Madeira, à Choupana. Resolvemos o jogo na primeira parte e ficamos no sofá, a aguardar pelo desfecho – mais que esperado – do jogo deles frente ao Estoril. A nossa crença vai crescendo à medida que os minutos para os 90 vão diminuindo. Será possível? É mesmo. O jogo acaba e parece que um terramoto varreu aquele estádio com problemas de iluminação. Olhares no vazio, silêncio sepulcral, caras franzidas, medo estampado na cara. Falar no que se passou depois é dispensável. Cada um viveu-o à sua maneira. O “ides sofrer como cães”, tão popularizado nos dias que anteciparam o clássico no Dragão, mais não foi do que chamá-los à realidade. Já sabemos que a doença de que padecem é terem de jogar futebol. Porque de resto, são os melhores do mundo. Mas, chatice das chatices, ainda são obrigados a ganhar jogos no relvado. Ainda são obrigados a jogar contra todas as equipas do campeonato, a duas voltas, durante 90 minutos. O problema é essa maldita teimosia de os obrigarem a jogar a bola, especialmente de os obrigarem a jogar depois da hora, nessa tal “novidade” que se chama descontos de tempo.
Antes da última jornada, ainda vão a tempo de perder mais uma final europeia. Antes do jogo, os jornalistas e comentadores diziam que eram os favoritos. Favoritos? Contra o Chelsea campeão europeu?!, penso algo surpreendido. Sim, eram, porque tinham mais equipa e não apenas individualidades. No fim, voltam a perder o jogo aos 92 minutos. Começa o delírio colectivo. É o azar. É o número 92. É a maldição de um treinador de há 50 anos. É o Jesus que é pé frio. A desresponsabilização total. Não se referem aos festejos antecipados nem à falta de humildade. Mas lá está, tirando os descontos e o azar, são os melhores do mundo.
Na Sexta-Feira, a equipa de andebol encarnada vem jogar ao Dragão Caixa. O Porto, para ser campeão nesse jogo, precisa de ganhar por três golos de diferença. Vencemos por 26 x 23 e somos PENTA. 
No Sábado, coincidência das coincidências, a equipa de hóquei em patins deles vem jogar ao Dragão Caixa. Vencemos por 7 x 3 e resgatamos o título de Campeão Nacional, depois de um ano sem o ganhar. Em doze épocas, 11 títulos são azuis e brancos. 
Aqui excluem-se o minuto 92, a maldição, os descontos.  Foi azar (outra vez).
Chega Domingo, o dia da decisão. Desta vez, lá se safaram frente ao Moreirense, apesar de estarem a perder logo na primeira parte. Por seu lado, o FC Porto não foi jogar esta final a Paços de Ferreira. Foi ganhá-la. Lucho e Jackson selaram o título portista, entrando para a História como a terceira equipa em Portugal que termina um campeonato sem derrotas.

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